
Na retrospectiva do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) deste ano, casos de violência contra jornalistas, luta por direitos trabalhistas e eleições, a principal delas presidencial. Não foi um 2022 fácil, como nenhum ano é, mas houve especial preocupação com os ataques à democracia.
Jornalistas mantiveram suas rotinas de trabalho e, além de sofrerem pressões de empresas, precisaram lidar com ataques de uma parcela da população dita patriota, que insistiu em pautas antidemocráticas. Os piores momentos foram quando a imprensa buscou cobrir o que diziam ser manifestações e foi recebida com hostilidade.
Que 2023 seja um ano melhor não só para os e as jornalistas, mas para todos os trabalhadores e trabalhadoras, estes que diariamente lutam por um País verdadeiramente melhor.
Sem mais delongas, confira a seguir alguns dos assuntos abordados publicamente pelo Sindijor Norte PR em 2022.
JANEIRO
No início do ano, a preocupação com o agravamento nos índices de contaminados por Covid-19 em Maringá e Londrina acendeu um alerta para a cobertura da imprensa em unidades de saúde e a exposição de jornalistas. Como cuidado à saúde dos profissionais, o Sindijor Norte PR pediu formalmente que prefeituras cessassem coletivas presenciais.
Divulgamos carta aberta em apoio aos jornalistas da Folha de S.Paulo criticando o posicionamento editorial da empresa a respeito da questão racial. Compartilhamos o Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2021, lançado pela Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), que mostrou que o Paraná registra o maior índice em número de casos do Sul do Brasil.
Demos visibilidade a um e-book sobre as lutas e experiências transformadoras dos Sem Terra e o MST.
FEVEREIRO
Os Sindicatos que representam os profissionais no Paraná, Sindijor Norte PR e Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR), promoveram pesquisa para entender melhor o perfil da Categoria e as prioridades para a Campanha Salarial do ano. O resultado do levantamento expôs que os salários dos jornalistas são insuficientes para 9 em cada 10 pessoas que responderam ao questionário.
Jornalistas da Folha de Londrina aprovaram estado de greve por atrasos salariais.
Compartilhamos um texto e um vídeo da CUT Paraná sobre o direito ao voto feminino, que completou 90 anos em 2022.
MARÇO
O mês foi de atenção às mulheres. Divulgamos manifestos da FENAJ, pela luta por emprego decente e pelo fim na violência no trabalho, e da Comissão de Mulheres Jornalistas da entidade: Lute como uma jornalista!.
Jornalistas do Sindijor Norte PR e SindijorPR aprovaram em assembleia a reposição da inflação e de perdas salariais em proposta de renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). O texto foi encaminhado às empresas pouco tempo depois com foco no reajuste salarial.
A justiça determinou que a Folha de Londrina cessasse os atrasos salariais, sob pena de multa.
O Sindijor Norte PR prestou contas do ano de 2021 – confira o conteúdo aprovado em assembleia clicando aqui.
Divulgamos relatório da FENAJ mostrando que em dois anos (abril de 2020 a fevereiro de 2022) 314 jornalistas brasileiros morreram em decorrência da Covid-19.
ABRIL
O Governo do Paraná derrubou a exigência de uso de máscaras faciais como forma de proteção contra a Covid-19 em todos os locais, abertos ou fechados. O Sindijor Norte PR divulgou nota de alerta com a preocupação sobre ambientes fechados que promovam aglomerações, como é, claramente, o caso das redações de empresas jornalísticas.
Jornalistas foram hostilizados durante visita de Jair Bolsonaro à ExpoLondrina, em Londrina. Um outro ataque à imprensa foi direcionado à equipe de jornalismo da afiliada do SBT de Londrina. Também em abril, compartilhamos a busca por apoio do Ministério Público do Trabalho para enfrentar a violência contra jornalistas.
Os Sindicatos que representam jornalistas no Paraná alertaram os profissionais sobre indicações de que os patrões iriam enrolar a negociação da CCT. Enquanto isso, a Folha de Londrina seguia atrasando salários com o dono pregando pela “coletividade”. E, ainda, o Sindijor Norte PR teve que notificar a Band Maringá para que regularizasse a situação de jornalistas.
MAIO
O 1º de maio, data-base da CCT dos jornalistas, foi marcado como Dia do Atraso já que empresários cumpriram a previsão dos Sindicatos e enrolaram os profissionais do Paraná. Os donos da mídia só foram se dignar a responder dias depois e com afrontas e imposições à categoria, que amargava perdas salariais de 17%, enquanto ofereciam 3% de reajuste, salários diferentes, retirada do registro e do anuênio de jornalistas.
Debates sobre liberdade de imprensa nas eleições de 2022, violência e o direito à informação e obstáculos na carreira de mães jornalistas também foram compartilhados durante o mês.
JUNHO
Os empresários do Paraná seguiram insistindo em causar danos aos jornalistas com piso congelado, fim do anuênio e reajuste pífio. Com a CCT em atraso, os Sindicatos que representam os profissionais decidiram expor quais e de eram as empresas que estavam enrolando jornalistas. Ainda houve exposição do valores recebidos pelos empresários do Governo Ratinho Junior – enquanto exploram jornalistas, empresas recebem mais de R$ 128 milhões.
Divulgamos artigo da FENAJ sobre os limites do Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros.
JULHO
Os donos da mídia, mais uma vez, insistiram na retirada de direitos dos jornalistas e no enfraquecimento da categoria. Pediam até para contratar jornalistas sem registro profissional. Enquanto isso, dado do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) indicava que jornalistas paranaenses recebem 42% menos do que seria o salário mínimo ideal para manter uma família de quatro pessoas. O salário sem reajuste e com perdas levou profissionais a entrar na lista de endividados no Paraná, como evidenciaram os Sindicatos. Com o impasse com os patrões, as perdas salariais dos jornalistas continuaram a crescer.
A FENAJ promoveu suas eleições, com vitória da Chapa Unidade na Luta. Ayoub Hanna Ayoub, Secretário de Finanças do Sindijor Norte PR, assumiu a secretaria de Relações Institucionais da FENAJ.
AGOSTO
Após quase cinco meses de negociações para a renovação da CCT, os representantes das empresas apresentaram uma nova proposta negando todas as reivindicações da categoria e sugerindo o agravamento das perdas salariais e retirada de direitos. A sugestão foi rejeitada após análise das direções do SindijorPR e Sindijor Norte PR e repudiada em ampla consulta aos jornalistas de todo o estado.
SETEMBRO
O Sindijor Norte PR foi provocado e precisou divulgar nota de repúdio contra a RICtv pela proibição do uso de roupas nas cores vermelho e bordô entre repórteres e apresentadores. Pouco tempo depois, a jornalista da RICtv Londrina, Carol Romanini, foi demitida após pressão do deputado federal Filipe Barros (PL), que se intitulava o número 01 de Bolsonaro no Paraná. Portais repercutiram a demissão da profissional e uma nota de apoio à jornalista foi divulgada pela Comissão de Mulheres da FENAJ.
A FENAJ compartilhou orientações aos Sindicatos sobre segurança dos jornalistas na cobertura das eleições. No mês, o Sindijor Norte PR teve que divulgar nota de repúdio a uma intolerância política sofrida por um graduado em jornalismo de Londrina.
Os Sindicatos que representam os jornalistas no Paraná tiveram mesa de negociação presencial em Curitiba. Na oportunidade, patrões insistiram em querer diferenciar salários dos jornalistas, congelar o piso e aplicar reajuste baixo. A sugestão foi duramente criticada por mais de 100 jornalistas que participaram de assembleias permanentes, realizadas pelo SindijorPR e Sindijor Norte PR, onde a proposta foi negada praticamente por unanimidade.
OUTUBRO
Em mês de eleições, o Sindicato manteve plantão jurídico para atendimento em caso de violência contra jornalistas. Em carta aberta às/aos jornalistas e ao povo brasileiro, a FENAJ e Sindicatos filiados manifestaram sua posição de resgate a democracia e dos direitos da classe trabalhadora. Com o segundo turno da eleição presidencial, um novo plantão jurídico foi mantido pelo Sindijor Norte PR.
No campo dos direitos trabalhistas e da CCT, os empresários não responderam o pedido dos Sindicatos, em nome dos jornalistas, para retomar as negociações salariais. O silêncio foi entendido como falta de respeito. Um arquivo em PDF, que mostra o histórico da CCT, foi compartilhado com a categoria.
NOVEMBRO
A conversa com os donos da mídia só foi retomada em novembro. Após mais de seis meses de negociação árdua e de muita resistência por parte dos trabalhadores, os empresários da comunicação abriram mão de retirar direitos conquistados historicamente pela categoria há décadas – a exemplo do anuênio – na CCT. Os Sindicatos convocaram assembleias para definição do reajuste salarial, que foi aprovado em 7%, mesmo com a imposição de perdas de 10,77% em três anos.
Por ação do Sindicato, a Folha de Londrina foi obrigada pela Justiça a pagar salários em dia sob pena de multa.
Divulgamos nota com a preocupação envolvendo atos antidemocráticos e a segurança dos jornalistas, que estavam sendo intimidados durante coberturas da imprensa. Em Maringá, profissionais da Band foram agredidos enquanto cobriam a movimentação de um desses atos em frente ao Tiro de Guerra no município.
DEZEMBRO
A Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2022/2023 dos jornalistas foi homologada e as empresas já tiveram que pagar salários com reajuste em dezembro.
O Coletivo de Diretores do Sindijor Norte PR se solidarizou com o jornalista Célio Martins, que teve a sua coluna encerrada por decisão da Gazeta do Povo, e lamentou a postura editorial do jornal.
Há outros assuntos que foram tratados pelo nosso Coletivo de Diretores durante o ano nos bastidores. É jornalista? Precisa de ajuda? Tem alguma dúvida trabalhista ou envolvendo a profissão? Procure um dos nossos diretores – clique aqui e conheça quem faz parte do Sindicato (gestão 2020/23).
Sinta-se à vontade, caro leitor, a conhecer ainda mais o trabalho do Sindijor Norte PR. Participe de assembleias e eventuais convocações. O Sindicato é feito por pessoas e por cada um dos jornalistas, estejam eles ou elas nas redações ou não. A união é que traz a força para a categoria!