Na sexta-feira (8), o presidente da república Jair Bolsonaro esteve em Londrina e fez a sua participação na ExpoLondrina, evento agropecuário promovido pela Sociedade Rural do Paraná (SRP). Já em sua chegada à cidade, desrespeitou jornalistas ao cercar a imprensa no aeroporto e colocar em seu curral apenas apoiadores de sua gestão, como um “bom” criador de gado. Enquanto jornalistas tiveram que improvisar suas coberturas com a captação de imagens por detrás de grades, houve quem estivesse vestindo verde e amarelo com acesso privilegiado ao “cidadão de bem”.
O desejo de agradar o político talvez tenha partido de Marcelo Belinati, prefeito de Londrina, que fez questão de registrar seu momento com o presidente ainda na área onde a aeronave que o trazia pousou. A situação se inverteu somente no Parque de Exposições Ney Braga, que tem organização privada da SRP, onde a imprensa teve o seu cercado para acesso ao presidente e não o contrário, em meio ao mugir dos bois. Mesmo assim, jornalistas foram barrados no evento principal, na arena de rodeio, e não puderam registrar com qualidade sequer o discurso de Bolsonaro, conforme relatado por profissionais que trabalhavam no dia ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR).
Antes do presidente fazer o seu discurso, a imprensa foi transferida de lugar, uma situação que teria envolvido orientações de uma equipe do Governo Federal ligada à Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom). Jornalistas tiveram que passar por um corredor com apoiadores de Bolsonaro, onde foram chamados de “lixo” e de “vagabundos”. Terminaram nos fundos de uma grade, local escuro e permeado por cheiro de estrume. Alguns profissionais usaram máscara durante suas coberturas, uma recomendação que permanece válida em caso de aglomerações, e também foram hostilizados por pessoas de verde e amarelo para que retirassem o item de proteção. Repórteres cinematográficos ainda tiveram dificuldades para captar imagens por terem seu trabalho atrapalhado por cidadãos em frente às câmeras.
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Fez parte da agenda do senhor Jair Bolsonaro agradar o setor do agronegócio. Para mostrar certa proximidade, o presidente andou a cavalo onde bois costumam ser cutucados para, nervosos, darem satisfação momentânea ao público. E foi justamente isso que aconteceu, mas desta vez com o público. Com o sobe som da música “Saudosa Vida de Peão“, de Tião Carreiro e Pardinho, Bolsonaro cavalgou com a “peonada gritando e o berrante tocando chamando a boiada”, situação compartilhada pelo próprio perfil público de Bolsonaro no Facebook.
Sobre o seu discurso, rodeado por políticos de carteirinha, Jair Bolsonaro falou de Deus, seus apoios na Câmara dos Deputados e Senado, e que o trabalho dele vai ter que continuar, já aproveitando para fazer campanha antecipada por reeleição – prática que cabe ao Tribunal Superior Eleitoral analisar, assim como outras cavalgadas e motociatas. Ele atacou trabalhos sociais de organizações não governamentais, como faz com a imprensa quando contrariado, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, e disse ter ajudado o agronegócio “reduzindo a quantidade de multagem no campo”.
As informações foram partilhadas por jornalistas profissionais de Londrina ao Sindijor Norte PR. Coube ao Sindicato apenas relatar mais esses absurdos cometidos contra a imprensa por Jair Bolsonaro e equipe.
O Sindijor Norte PR e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vão continuar expondo as agressões do presidente, que teme a imprensa e seu papel social, que é informar a população.
Foto: Jornalistas improvisam cobertura detrás de grades, enquanto apoiadores de Jair Bolsonaro, de verde e amarelo, têm acesso privilegiado ao presidente no Aeroporto de Londrina