
Os índices de contaminados por Covid-19 em Londrina e em Maringá estouraram nos últimos dias, com 2.237 casos ativos na primeira cidade e 4.423 na segunda, de acordo com dados das Prefeituras (até 14 de janeiro). Além disso, a epidemia de gripe H3N2 tem deixado as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e Pronto-Atendimentos (UPAs) lotados de pacientes com suspeitas de síndromes respiratórias. A recomendação dos especialistas permanece a mesma: uso de máscara, álcool 70 e ficar longe de aglomerações. Só que empresas do setor jornalístico parecem ignorar a situação.
Há quem esteja expondo jornalistas ao risco de contaminação incentivando, de alguma forma, repórteres e cinegrafistas a entrar em UPAs e UBSs lotadas e até entrevistar pessoas nestes locais. A cobertura sem cuidados chega a ser exaltada por alguns apresentadores de programas jornalísticos como “exclusiva”, dando como vantajosa a exposição dos profissionais. Há, ainda, relatos de equipes que retornam desses locais para as redações sem qualquer cuidado com a higienização pessoal e de equipamentos.
É claro que o jornalismo tem como função retratar a realidade, mas não há prejuízo algum em informar a população mantendo um distanciamento seguro dos entrevistados e do lado de fora de ambientes fechados que possam ajudar a contaminar ainda mais pessoas, como aqueles que são responsáveis por relatar os fatos. Os casos de Covid-19 estão “menos graves”, graças à vacinação e ao perfil da variante Ômicron, mas isso não isenta ninguém de se preservar e resguardar terceiros, pois não dá para saber quem pode ser atingido por um agravamento.
Causou espanto do Sindijor Norte PR a entrada de uma equipe da TV Tarobá, de Londrina, em uma UPA da cidade na última quinta-feira (13). O motivo foi a “sobrecarga na saúde”, com entrevista de uma pessoa admitindo ter Covid-19, sem distanciamento.
Pedimos que empresas e jornalistas tenham consciência de seu dever social para com o coletivo e eliminem essa prática imediatamente. Obrigar que repórteres adentrem e permaneçam em locais insalubres é uma aventura arriscada, que pode acarretar na contaminação dos profissionais envolvidos e de quem faz parte de seu círculo social, o que inclui quem eles convivem e outros trabalhadores. A consequência as próprias empresas já sabem: prejudica o funcionamento, com novos afastamentos. E não só isso, já que a doença pode ser fatal.
Foto: Nathana Rebouças via Unsplash