Passados quase três meses desde 1º de maio, data-base dos jornalistas, os donos de empresas de comunicação do Paraná apresentaram uma nova proposta para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) 2022/2023 na quarta-feira (22). Diante de perdas salariais que já superam 17%, os patrões agora oferecem um reajuste ínfimo, de apenas 4%. Além disso, as empresas não querem pagar retroativo, ou seja, os reajustes do salário de maio (pago em junho) e junho (pago em julho) já seriam perdidos. A proposta das empresas prevê ainda ataques a direitos históricos da categoria e que estão em vigor há décadas:

  • PISO CONGELADO: Manter o valor do piso salarial em R$ 3.810,69, o que gera uma perda (de 4%) para qualquer novo empregado e diferencia salários;
  • RETIRADA DO ANUÊNIO: Aquele 1% a mais sobre o salário a cada doze meses de trabalho, já admitido pela negociadora patronal, Rita de Cácia de Medeiros Guerim, como o único “ganho real” dos jornalistas;
  • HORA EXTRA: Redução de horas extras de 100% para 75% (primeira hora) e 85% (demais horas);
  • DEMISSÕES: Licença para fazer dispensas coletivas sem critérios e satisfações aos empregados;
  • ESTÁGIO: Estágio para alunos a partir do segundo semestre de cursos de jornalismo ou de comunicação social com habilitação, contrariando o que preveem as Diretrizes Curriculares Nacionais para cursos da área;
  • REGISTRO PROFISSIONAL: Autorização para contratar pessoal para atuar nas redações sem qualquer critério, retirando a obrigatoriedade de registro profissional para jornalistas;
  • DIRETORIA SINDICAL: Imposição sobre trabalho de diretores sindicais, colocando limite de liberação por empresas e mandato.

É uma situação ridícula. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) e o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Paraná (SindijorPR) articulam suas diretorias para mobilizar a categoria a reagir. É hora de dar um basta e, também, começar a expor os nomes das empresas e os responsáveis por explorar o trabalho de jornalistas.

A situação piora mais quando os patrões pedem abertamente liberdade para precarizar ainda mais a profissão, como a sugestão de contratação de estagiários em início de formação (o que afronta a Lei Nacional do Estágio e as Diretrizes Curriculares Nacionais para cursos de Jornalismo). Estagiários esses que, muitas vezes, exercem irregularmente funções destinadas a jornalistas profissionais. É mais barato assim e mantém o bolso de quem mais suave? Além disso, joga estudantes em início de aprendizado para que as empresas condicionem de certa forma a sua formação, um dever (exercido com compromissos, inclusive éticos) das faculdades/universidades. Atualmente, o estágio é permitido pelo regramento da área somente a partir de 50% de andamento do curso.

NÓS SABEMOS das superações de metas comerciais que muitos dos associados dos Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Paraná (Sert PR) e Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Paraná (Sindejor-PR) estão tendo. TAMBÉM SABEMOS dos investimentos milionários e valores recebidos a título de publicidade dos governos – municipais, Estadual (Ratinho Junior) e Federal (Jair Bolsonaro).

O Sindijor Norte PR e o SindijorPR cansaram dessas palhaçadas e vão fazer barulho. É bom que o mercado e a sociedade saibam quem são os patrões, nomeados um a um. A crise real é a dos jornalistas, que não conseguem arcar com o próprio transporte, enquanto empresários mantêm viagens de helicóptero, jatinhos e ao exterior.

Não há “compliance status” ou um ‘passado de melhor empresa para se trabalhar’ que resista às ofensivas que vocês fazem contra seus próprios empregados. O recado é esse. Depreciar os jornalistas faz muito mais mal do que bem e é para a saúde das próprias empresas. O Sindijor Norte PR e o SindijorPR não vão se calar frente aos ataques contra os direitos já estabelecidos em CCT. Uma nova Mesa de Negociação será solicitada com os patrões para debater cada um dos pontos.

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