Além disso, os ‘barões da mídia’ paranaense também insistem na retirada de direitos, inclusive visando liberação para demissões em massa sem qualquer consequência

O arrocho salarial imposto pelas empresas aos jornalistas do Paraná bateu recorde nos últimos 26 anos. Com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de abril, divulgado na quarta-feira (11) pelo IBGE, a perda de poder aquisitivo da categoria chegou a 17,77%. Isso significa, por exemplo, que um profissional com salário bruto de R$ 5 mil está deixando para o patrão, todo mês, R$ 888,50. Em um ano, computando 13º salário e a parte do FGTS e do 1/3 das férias, a empresa tira desse jornalista mais de R$ 12 mil.

E o que os patrões estão oferecendo de reajuste para amenizar o sofrimento dos jornalistas? Apenas 3%, ou seja, menos de 1/5 do que seria necessário para, pelo menos, repor parte do poder de compra dos seus empregados. Essa situação é inédita na história do Paraná desde a implantação do Plano Real e demonstra a falta de sensibilidade da classe patronal para com a dura situação dos profissionais que lutam diuturnamente para levar informação segura e ética à população.

As perdas vêm se acumulando desde 2020, quando as empresas impuseram reajuste de apenas 50% da inflação acumulada no período da data-base (abril/2019 a maio/2020). Em 2021, os patrões novamente impuseram perdas superiores a 50%. Com isso, o acumulado das duas Convenções Coletivas de Trabalho (CCTs de 2020 e 2021) chegou a 5,3%. Agora, com a escalada da inflação, o acumulado de 12 meses para a CCT de 2022 é de 12,47%, segundo o IBGE. Somando tudo, chegamos às perdas de 17,77%.

Mas não é só o arrocho que os patrões tentam impor aos jornalistas. As empresas propõem desmontar a maior parte da CCT, com a retirada de inúmeros direitos que vigoram há décadas, além de medidas que expõem claramente práticas antissindicais.

Um exemplo da retirada de direitos é a proposta de congelar o piso salarial da categoria que há décadas está em vigor, o que levanta o temor de demissões em massa para a contratação de novos profissionais com salários menores. Essa intenção se torna evidente quando os patrões propõem o fim de qualquer critério para demissões coletivas.

Outro exemplo é a pressão para retirar o anuênio, que é de 1% sobre o salário a cada doze meses trabalhados, lesionando ainda mais o bolso dos jornalistas. Para ilustrar: ao você atingir 5 anos completos se dedicando à mesma empresa, tem direito a 5% sobre o salário, o que representa um acréscimo de R$ 190,53/mês sobre o piso, ou R$ 2.286,36/ano.

Os jornalistas do Paraná, representados pelo SindijoPR e Sindijor Norte PR, sempre estiveram dispostos a negociar termos justos e dignos de trabalho e remuneração decente. Além disso, abriram mão de seus direitos por dois anos consecutivos. Por isso, as duas entidades conclamam aos empresários que abram a Mesa de Negociação nos próximos dias.

A população do Paraná, que precisa de informação segura e de qualidade, sabe que isso só é possível com jornalistas profissionais remunerados dignamente. A perda de credibilidade da imprensa se dá, principalmente, pela forma como as empresas de comunicação tratam seus jornalistas.

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