Jornalistas de O Diário, de Maringá, rejeitaram por unanimidade a proposta apresentada no início da semana pela empresa e seguem exigindo o pagamento de salários atrasados. Na tentativa de acabar com a paralisação, a direção do jornal ofereceu terrenos como garantia de pagamentos, repasse aos funcionários de 100% da receita obtida com a venda de publieditoriais e um “comprometimento de esforço” para pagar os atrasados.
Os jornalistas disseram que não aceitam condicionar as vendas de terrenos ou quaisquer bens a promessas de pagamentos e benefícios atrasados, uma vez que proposta semelhante já havia sido feita antes da greve e nunca foi concretizada. Também avaliaram que os pagamentos em atraso não devem estar atrelados a “possíveis vendas”. Lembraram ainda que a empresa já assumiu compromisso de pagamento de salários antes e não cumpriu.
- Leia mais: Sindicato aplica nova multa em O Diário
Como contraproposta, os funcionários se comprometeram a voltar ao trabalho um dia após o crédito, na conta corrente de todos os grevistas, de salários atrasados, décimo terceiro, férias e FGTS. “O pagamento de salários é uma questão emergencial, que visa assegurar, entre outros, a dignidade básica da pessoa humana”, assinalaram.
Os jornalistas haviam pedido manutenção de postos de trabalho e estabilidade caso encerrassem a greve. A empresa ofereceu um período de 45 dias. Os funcionários disseram que não aceitam menos do que 24 meses. Outro ponto divergente: a direção de o Diário propôs que, uma vez encerrada a greve, o pagamento de dias parados seja “feito normalmente, desde que as horas sejam compensadas em banco de horas”. Os trabalhadores entendem que este item sequer deve ser discutido, já que a greve está amparada em lei e não há banco de horas previsto na Convenção Coletiva da categoria.
A direção do jornal pediu ainda uma garantia de que nenhum colaborador sofrerá constrangimento ou humilhação por parte dos grevistas ao retornarem ao trabalho. Os funcionários paralisados declararam que não houve em nenhum momento tal constrangimento, a não ser o sofrido pelos próprios grevistas, submetidos a situações vexatórias ao pedir empréstimos ou pagar fiado nas compras para sobreviver.
As considerações dos jornalistas, em greve desde o dia 7 de fevereiro, foram encaminhadas aos diretores de O Diário. A paralisação segue por tempo indeterminado. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná apoia a decisão dos funcionários em greve, por entender que ninguém deve ser obrigado a trabalhar de graça, com promessas incertas de pagamentos futuros, enquanto as dívidas dos trabalhadores se acumulam e a própria sobrevivência fica ameaçada.