Eu tenho vergonha da falta de vergonha desses juízes togados que ganham salário de R$ 40 mil e, numa canetada, decidem que ter carteira assinada é privilégio e não direito.

Eu tenho vergonha da falta de vergonha dos deputados e senadores, que já garantiram o seu futuro e o da sua descendência, e votaram pela reforma trabalhista, que já está levando milhões às ruas sem emprego e sem salário.

Dá muita vergonha desses mesmos deputados e senadores que congelaram os gastos públicos por 20 anos e não se envergonham de ver crianças sem serem vacinadas. E tenho vergonha de quem não associa uma coisa à outra.

Eu tenho vergonha da fila do SUS, de ver na TV um bebê morrer por falta de leito e dos jornalistas que divulgam essas notícias e culpam quem está lá na ponta e não associam uma coisa à outra.

Eu tenho vergonha da falta de vergonha dos que cortam gastos na educação, em todos os níveis.

Eu tenho vergonha de ir a um guichê de vendas de passagens rodoviárias, por causa da ineficiência do site de resolver qualquer problema, e ser atendida por um rapaz de boa vontade, mas que atende mal porque lhe falta formação.

Eu tenho vergonha dessa falta de educação do povo brasileiro, que foi para a escola, mas não recebeu o mínimo que lhe permita desempenhar bem o seu trabalho.

Eu tenho vergonha da falta de vergonha dos que entregaram o pré-sal, que já estava comprometido com a educação.

Eu tenho vergonha dos que entregam nossas riquezas de mão beijada pra esses gringos.

Eu tenho vergonha da falta de vergonha dos candidatos que prometem o novo que na verdade só vai lhes garantir os privilégios de sempre e só vai piorar a vida dos que sempre se ferraram.

E eu queria ter orgulho do meu país, e não vergonha!

Por Carina Paccola

Carina é assessora de imprensa da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar) e diretora no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) e Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).

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