
Jornalistas do Paraná precisam saber que a negociação dos direitos trabalhistas, o que inclui o salário, ainda está no prazo. A data-base da categoria é 1º de maio e até lá trabalhadoras e trabalhadores, por meio dos sindicatos de jornalistas, e patrões precisam chegar a um acordo para renovar a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT). Os donos da mídia estão há mais de um mês com a pauta de reivindicações da categoria, mas a resposta ainda não veio. Mas até quando dá para esperar?
Deadline, no jargão jornalístico, é a expressão utilizada para se referir ao prazo final para o fechamento de uma reportagem ou de uma edição, enfim, para o cumprimento efetivo de uma tarefa jornalística. No caso da negociação da CCT dos jornalistas, o deadline está próximo: 30 de abril, véspera da data-base – por ocasião, o Dia Mundial do Trabalho, data de celebração e luta. A última informação que os sindicatos de jornalistas tiveram é que a resposta às reivindicações dos jornalistas será dada somente no dia 29 de abril, ou seja, nos últimos suspiros.
Ainda não podemos chamar de desrespeitosa a atitude dos donos da mídia, empresários que têm seus próprios sindicatos representativos, Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Paraná (SERT-PR) e Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Paraná (SINDEJOR-PR), porque a data-base ainda não “venceu”, mas é necessário alertar jornalistas o que pode acontecer daqui para frente. É que, em outros anos, os empregadores utilizaram o vencimento para alegar que não tinham necessidade de pagar adequadamente jornalistas, o que inclui retroativos. O não cumprimento de datas-bases, somado aos reajustes abaixo da inflação, já causou prejuízos de quase R$ 20 mil a jornalistas desde 2020 (via DIEESE-PR).
Neste momento, após o envio da pauta de reivindicações dos jornalistas aos sindicatos dos empresários em 17 de março, ou seja, com antecedência suficiente para que patrões pudessem conhecer as angústias de trabalhadores cujo labor lhes garante o lucro, dando prazo suficiente para organizar a gestão das empresas para assegurar condições de trabalho dignas à categoria, a discussão deveria estar concentrada na viabilização da melhor proposta. Mas passados mais de um mês, os donos da mídia seguiram atrasando a resposta aos jornalistas.
Os sindicatos dos jornalistas, SindijorPR e Sindijor Norte PR, aguardaram na boa-fé a divulgação do mais recente índice da inflação (março/2025) para mandar um ofício aos donos da mídia cobrando uma resposta à pauta de reivindicações. O documento foi enviado em 11 de abril, alertando sobre a nova projeção de reajuste salarial em 5,32% do INPC, atendendo o total da inflação até a data-base em 1º de maio. O ofício chegou até a negociadora jurídica do SERT-PR e SINDEJOR-PR, Rita de Cácia de Medeiros Guerim, que já havia alertado que uma proposta dos patronais só sairia após o índice. Nos dias e semanas seguintes, uma resposta às reivindicações dos jornalistas seguiu sendo cobrada.
Os sindicatos que representam trabalhadoras e trabalhadores estão há quase três meses tentando iniciar todas as discussões envolvendo a CCT para se antecipar à data-base de 1º de maio, mas dependem da boa-fé também dos donos da mídia. O SindijorPR e o Sindijor Norte PR sabem que há capacidade financeira entre os empresários para atender o reajuste salarial na inflação e repor o prejuízo imposto desde 2020 – de 10,41% sobre os salários com reajustes fora da inflação. Esses são somente dois itens da pauta de reivindicações dos jornalistas, que inclui também a questão sensível de jornalistas na função de videorrepórter.
Com tantas incertezas e dificuldades, jornalistas aguardam apenas o mínimo, que é uma resposta decente à pauta de reivindicações definida nas assembleias da categoria. Neste sentido, o SindijorPR e o Sindijor Norte PR convocam que as e os jornalistas do Paraná se unam em uma vigília para aguardar por esta resposta patronal.
Os sindicatos de jornalistas paranaenses integram a Campanha Salarial Nacional Unificada da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ).