O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) vem a público questionar a nomeação de um servidor sem formação acadêmica em Jornalismo ou Relações Públicas para coordenar a Comunicação (Com) da Universidade Estadual de Londrina.
Sérgio Henrique Gerelus assumiu o cargo no último sábado (9), após a posse do novo reitor da UEL, Sérgio Carlos de Carvalho, e do vice, Décio Sabattini Barbosa, eleitos para a gestão 2018/2022. A maioria dos profissionais e estudantes de Jornalismo e RP provavelmente nunca ouviu falar dele. É que Gerelus é formado em Educação Física e atua como professor no curso de Pedagogia. Amigo do novo reitor, trabalhou na campanha da chapa vencedora, especialmente na divulgação em mídias sociais.
É com essa (falta de) experiência em comunicação que vai suceder a jornalista Lígia Barroso e coordenar o grupo de profissionais responsável pela relação de uma das mais importantes universidades públicas do país com a imprensa, a produção de conteúdo da Agência UEL e do impresso Jornal Notícia, entre outras tarefas. Uma equipe formada por jornalistas e profissionais de relações públicas.
Embora o regimento da Com não vete a nomeação de alguém que não seja da área para o cargo, a lógica, o bom senso e o respeito à profissão determinariam a escolha de um dos muitos profissionais graduados em Jornalismo ou RP e com longa e ativa experiência no ofício.
Sabemos que há um forte e lamentável movimento contra a formação acadêmica para jornalistas, cujo golpe mais duro veio do Supremo Tribunal Federal, em 2009, ao derrubar a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão. O que surpreende é que tal desdém seja observado numa universidade que oferece o curso de Jornalismo e que já formou centenas de profissionais desde 1974. Que recado a UEL está passando para seus alunos e àqueles que sonham em ingressar no curso?
Não se trata aqui de questionar as qualidades do professor nomeado para coordenar a Com, mas de defender que a formação acadêmica de um jornalista ou profissional de relações públicas, preferencialmente seguida de experiência na área, é fundamental para atender aos desafios da profissão, inclusive ou ainda mais em um cargo de chefia. Só para exemplificar, cada release divulgado pela assessoria de comunicação, por mais simples que pareça, representa a posição oficial da universidade e pode ter sérias implicações políticas.
O Sindijor Norte PR entende que as atitudes tomadas pela administração da UEL podem e devem ser questionadas pela comunidade, diante de sua natureza pública e do exemplo que deveria ser a primeira a dar. O fato aqui exposto não afeta apenas a categoria dos jornalistas e relações públicas, mas abre um perigoso precedente para outras áreas. Se nem a universidade valorizar o diploma universitário e o profissional, como poderemos exigir que outros o façam?