É comum que a imprensa faça suas retrospectivas nesta época do ano. É um período onde as notícias continuam para os jornalistas, mas em ritmo e impacto menor. Não adianta negar. Aqueles que já viveram/vivem a rotina de uma redação sabem até que há uma agenda de fim de ano. As fontes viajam, os entrevistados pegam suas férias e os assuntos permeiam lazer, viagens, reformas, ceias, visitas e a danada da Covid-19, pandemia que persiste e não deve ser esquecida. A retrospectiva também está lá – sempre está – inclusive a do Sindijor Norte PR.
Confira a seguir os assuntos abordados pelo Sindicato em 2021. Tivemos que falar sobre vacinas, repudiar ataques à imprensa e cobrar direitos trabalhistas.
JANEIRO
Começamos o ano pedindo por vacina para todos e abordando situação desesperadora que o Brasil vivia na batalha contra a Covid-19, com a inércia proposital do Governo Federal. O pedido foi por reação de municípios em favor da sociedade.
A vacina chegou, junto com políticos querendo fazer os seus shows no Estado e nos municípios, com aglomerações sendo registradas em Londrina e Maringá, inclusive com jornalistas sem condições de cumprir recomendações de segurança.
O Sindicato apoiou textos que abordavam a violência contra mulheres e a Visibilidade Trans.
FEVEREIRO
Divulgamos o relatório da FENAJ sobre a violência contra jornalistas, que cresceu 105,77% com Jair Bolsonaro em 2020. Falamos dos problemas envolvendo a Folha de Londrina, que pagava salários pela metade aos jornalistas, e da prática ilegal do Grupo Muffato, dono do Grupo Tarobá de Comunicação, em obrigar profissionais a pagar tarifas para movimentação de seus salários em um banco virtual.
Preocupados com a saúde pública, diretores do Sindijor Norte PR se reuniram com uma promotora de Londrina para tratar da gestão da pandemia. O Sindicato também notificou a prefeitura de Londrina sobre suas coletivas de imprensa presenciais, solicitou que profissionais da Folha de Londrina permanecessem em trabalho remoto (home office) e apoiou um texto sobre a urgência em medidas para conter o avanço da Covid-19.
Também compartilhamos o manifesto “Em nome da verdade“, que envolve Vladimir Herzog, e a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na jornada especial de jornalistas no serviço público.
MARÇO
Com pesar, divulgamos a morte do jornalista Murilo Gatti, de Maringá, e do radialista Juliano Lantmann, de Londrina. Na semana da mulher, promovemos live com Dulcinéia Novaes e compartilhamos um manifesto da Comissão Nacional de Mulheres da FENAJ.
Repudiamos a tentativa de ataque à sede da RPC Maringá com uma bomba caseira, nos solidarizamos com o Conselho Municipal de Promoção de Igualdade Racial de Londrina contra um colunista do jornal Folha de Londrina, que foi racista, falamos sobre a desinformação na pandemia e a responsabilidade no jornalismo e republicamos um texto sobre um projeto da UEL cujo objetivo ers levar ciência e informação durante a pandemia.
O Sindicato apoiou uma manifestação sobre endometriose, abordamos (via Rede Lume) o adiamento do júri da morte de Matheus Evangelista, morto por um ex-guarda municipal, e realizamos Assembleia Extraordinária para discussão de proposta de PPR da RPC.
ABRIL
Sindijor Norte PR e SindijorPR fizeram plenária para discussão da Convenção Coletiva de Trabalho 2020/21, que foi seguida de uma Assembleia Extraordinária e aprovação de índice de reposição de 1,2% e retroativo de três meses – na época, o piso salarial profissional passou a ser de R$ 3.674,57.
Alertamos sobre a não obrigatoriedade de adesão à acordos de redução de jornada e falamos sobre a Folha de Londrina, que seguiu desrespeitando seus funcionários com atrasos salariais.
Notícias ruins rondaram o mês, com a revelação de que o Brasil era o maior em número de jornalistas mortos por Covid-19. Familiares de jornalistas também morriam vítimas da doença. O diretor sindical Luis Fernando Wiltemburg perdeu em abril o irmão, a mãe, o pai e a avó. Também divulgamos nosso pesar com a morte do operador de câmera Ronaldo Batista, que atuava na RIC Record TV Londrina.
MAIO
A preocupação com a saúde e a vida dos jornalistas marcou o mês, um serviço essencial que permanecia sem prioridade de vacinação em planos de imunização. Foi nesta época que um apresentador da RIC TV testou positivo para a Covid-19 em Maringá. Um surto da doença foi acompanhado pelo Sindicato também na sede da emissora em Londrina.
Jornalistas da Rede Massa sofreram ataque covarde enquanto cobriam um acidente em Londrina.
O direito universal à liberdade de imprensa e a divulgação de um documentário com depoimentos de jornalistas perseguidos durante a Ditadura Militar ainda foram temas de postagens no mês. Também houve divulgação de um e-book gratuito sobre o impacto das plataformas digitais no jornalismo pela FENAJ.
JUNHO
No Dia da Imprensa, FENAJ e Sindicatos filiados pediram respeito e vacina aos jornalistas, mensagem que foi a mesma no Dia da Liberdade de Imprensa. Ainda em junho, Sindijor Norte PR e outras sete entidades solicitaram ao Governo do Paraná a inclusão de jornalistas na vacinação contra a Covid-19 e, ainda, este Sindicato lançava sua primeira pesquisa de vacinação contra a doença para coletar dados e reforçar o pedido com Prefeituras.
No mesmo mês, o resultado da pesquisa evidenciou que profissionais com comorbidade eram maioria entre os imunizados. A cidade de Londrina negou pela segunda vez a possibilidade de vacinar jornalistas enquanto um pedido envolvendo a questão tramitava em Maringá. O Paraná seguiu calado, já outros Estados, como Goiás, incluíram profissionais da imprensa em suas listas de proteção. O desdém do Governo Federal com a Categoria também permanecia, com o presidente Jair Bolsonaro colocando a saúde de jornalistas em risco.
O Feirão da Resistência, apoiado pelo Sindijor Norte PR, completou 4 anos e um livro essencial para entender a luta por terras no noroeste do Paraná foi disponibilizado. Os jornalistas ainda ganharam um novo parceiro: Terapia de Bolso, com atendimentos psicológicos via videoconsultas.
JULHO
Com pesar, o Sindicato divulgou a morte de mais uma jornalista por Covid-19, Adriana Roveri. Desligamentos por morte no setor de Informação e Comunicação aumentaram 129%. TV Tarobá, de Londrina, ignorou recomendações de segurança contra a Covid-19. O Paraná negou solicitação de vacinas aos jornalistas.
Em Campanha Salarial, Sindijor Norte PR e SindijorPR convocaram a Categoria para Assembleia Geral conjunta, que resultou na rechaça da proposta patronal de 1% de reajuste e o não comparecimento dos patrões em mesa de negociação.
Entre os temas Nacionais, entidades repudiaram ataques a uma jornalista em casos envolvendo o presidente Jair Bolsonaro, Seminários regionais para a criação de uma Plataforma Mundial por um Jornalismo de Qualidade foram realizados na Região Sul e uma pesquisa mostrou que mulheres representam apenas 25% das pessoas lidas, vistas ou ouvidas em notícias.
O diretor Sindical, José Maschio, o “Ganchão”, participou de um bate-papo com alunos de uma faculdade de Maringá.
AGOSTO
A vacinação contra a Covid-19 em jornalistas avançava por idade entre os municípios, mesmo sem apoio de seus gestores. O Sindijor Norte PR fez até uma nova pesquisa para coletar dados de imunização contra a doença e comprovou que grande parte da Categoria alcançou grupos que receberam doses por idade. Com 278 jornalistas mortos pela Covid-19, o Brasil liderava um ranking mundial de perdas na pandemia.
Empresários da comunicação voltaram a pressionar trabalhadores a aceitar 1% de reajuste nos salários, oferta que foi recusada pelos Sindicatos que representam jornalistas em mesa de negociação. A jornada de trabalho e salários dos jornalistas estiveram sob ameaça da MP 1.045, motivando protestos em Londrina e Maringá. Um levantamento evidenciou o aumento da jornada e no ritmo de trabalho de comunicadores em mais um ano de Covid-19.
Ex-guarda municipal foi condenado pela morte de Matheus Evangelista, caso acompanhado por diretores do Sindijor Norte PR em Londrina. Outro caso que recebeu atenção deste Sindicato foi a revolta contra o assédio no Curso de Jornalismo da UEL, que gerou uma nota de repúdio a um professor suspeito, um texto com orientações sobre denúncias e, com a repercussão, também um protesto da Frente Feminista de Londrina.
SETEMBRO
MP 1.045 foi derrubada pelo Senado. Pela segunda vez consecutiva, empresários da comunicação voltavam a tentar impor perdas para os jornalistas em mesa de negociação. O Sindijor Norte PR abordou no site o descaso da Prefeitura de Maringá com os jornalistas em relação à Covid-19.
O Dia da Independência rendeu atos “Fora Bolsonaro!” e situações lamentáveis com agressões a jornalistas de apoiadores de Jair Bolsonaro. Uma das violências foi praticada contra o repórter da TV Tarobá, Silvano Brito. Outra equipe da mesma emissora, com a repórter Soraia Barros, e um blogueiro da Tarobá News também foram hostilizados.
O jornalista José Maschio, o nosso Ganchão, foi atacado por noticiar a presença de uma juíza em ato antidemocrático que pedia o fechamento do STF, magistrada que está sendo investigada em uma sindicância do Tribunal de Justiça do Paraná. Após a repercussão, o profissional foi denunciado pela juíza por sua notícia na Polícia Civil, fato repudiado por este Sindicato e a Federação Nacional dos Jornalistas.
A FENAJ e o Sindijor Norte PR divulgaram texto em que se solidarizam com os repórteres Guilherme Marconi e Rafael Machado, do grupo Folha de Londrina, atacados por divulgar notícias que não agradam a família Boca Aberta. Repórter cinematográfico da RIC TV em Londrina foi agredido durante a cobertura de um acidente.
FENAJ completou 75 anos de história. Congresso nacional começava a debater a taxação de grandes plataformas para criação de um fundo à promoção de jornalismo de qualidade.
O Conselho de Centro do Centro de Educação, Comunicação e Artes, da UEL, aprovou a formação da Comissão de Prevenção à Violência Sexual e de Gênero, assunto que foi acompanhado por diretores do Sindicato após denúncias de assédio.
OUTUBRO
Jair Bolsonaro fez visita à Maringá e manteve “presos” jornalistas que faziam a cobertura de sua presença na cidade. A justiça reconheceu liberdade de imprensa em caso de jornalista que noticiou investigações contra Boca Aberta Jr.. Jornalista José Maschio recebeu uma Carta Pública de apoio com assinatura de mais de 100 entidades/pessoas no caso que envolve a notícia de uma juíza.
A Campanha Salarial dos jornalistas ganhou uma carta-conjunta com exposição para a sociedade das perdas da Categoria de mais de 14% no rendimento, enquanto os patrões insistiam em oferecer 1% de reajuste. Os Sindicatos também expuseram uma moção de solidariedade aprovada no Congresso Nacional dos Jornalistas contra a morosidade dos patrões na negociação salarial. Sem qualquer retorno, os representantes da Categoria engrossaram a cobrança aos patrões expondo para o mundo investimentos milionários realizados pelos donos da mídia que diziam estar em “crise”.
A Folha de Londrina era notificada de novo pelo Sindijor Norte PR pelo atraso nos salários de jornalistas.
Entre outros assuntos, o Prêmio Nobel da Paz a jornalistas da Filipinas e Rússia, moção nacional de solidariedade a jornalistas atacados no Paraná e o lançamento do e-book Atlas da Questão Agrária no Paraná.
NOVEMBRO
Com pesar, noticiamos a morte da jornalista Iara Rossini Lessa. A Folha de Londrina voltou a atrasar salários, a comprometer o 13º salário e a demitir profissionais em período de estabilidade. A mesma Folha de Londrina também foi condenada a pagar indenização por atrasos em salários de um repórter demitido.
A Campanha Salarial dos jornalistas avançou, com os patrões oferecendo 3,7% de reajuste nos salários dos trabalhadores. Uma assembleia conjunta foi marcada para a Categoria avaliar e votar a proposta.
No mês em que se comemora o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas, José Maschio foi indiciado pela Polícia Civil por notificar a conduta irregular da juíza de Londrina. O profissional recebeu moção de apoio da Comissão de Direitos Humanos e da Cidadania da ALEP.
O gestor do Londrina Esporte Clube (LEC) restringiu o trabalho da imprensa e excluiu jornalistas da Rede Massa de seu grupo de comunicação.
O Sindicato apoiou uma campanha que analisava o atendimento de mulheres vítimas de violência em Londrina.
DEZEMBRO
Sindijor Norte PR e SindijorPR noticiaram a aprovação de reajuste de 3,7% nos salários dos jornalistas (data-base 2021/22). A Categoria foi informada das perdas na negociação de 50%. O piso salarial profissional, já homologado, passa a ser de R$ 3.810,69 e vai valer a partir de 1º de janeiro de 2022.
Pesquisa sobre o perfil do jornalista brasileiro indicou deterioração das condições de trabalho da categoria. Outro levantamento mostrou que mulheres jornalistas são as que mais recebem ofensas no Twitter. O mês ainda foi de alerta no Dia dos Direitos Humanos aos jornalistas presos ou mortos por seus trabalhos e marcado pelo lançamento de uma plataforma para jornalistas que cobrem migrações.
Noticiamos também que dono da Folha de Londrina foi eleito presidente da Federação Nacional de Jornais e Revistas. É o mesmo José Nicolás Mejía que vem sufocando seus funcionários com atrasos e reduções salariais há dois anos.
O Sindijor Norte PR retorna em 2022…
Imagem/destaque: Anne Nygård via Unsplash