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Sondagem realizada com jornalistas do Paraná aponta que o salário não é suficiente e desmotiva profissionais a continuar na área

O levantamento, que é parte da campanha salarial no estado, foi realizado no primeiro quadrimestre de 2025, em um formulário distribuído a trabalhadoras e trabalhadores em ambiente eletrônico pelo SindijorPR e Sindijor Norte PR. Os dados coletados mostram o sofrimento da categoria, um lado oculto que não sai na imprensa, mas está presente entre quem produz as notícias.

A pesquisa contou com a participação de 116 jornalistas paranaenses. Cerca de 20% disseram que recebem menos do que o piso salarial (R$ 4.370,34) e 84% afirmam não estarem satisfeitos com o salário. Para mais de 70% dos participantes, a remuneração não é suficiente sequer para cobrir despesas pessoais mensais, situação que se reflete no âmbito doméstico: mais de 90% relataram que os ganhos mensais não são suficientes para cobrir as despesas familiares.

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Para a secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindijor Norte PR, Ana Carolina Corso Contato, o resultado da pesquisa expõe a angústia de muitos profissionais. “É desesperador o abalo emocional que se soma à rotina dos jornalistas com a questão financeira. Trabalhadores vivem na incerteza de conseguir chegar ao final do mês e relatam que estão adoecendo com rotinas exaustivas”, desabafa. “Muitos estão tendo que recorrer a mais de um emprego e deixando de ter vida fora do trabalho, o que afeta diretamente a saúde mental e física. Isso tem provocado afastamentos e as empresas sabem disso”, conta Ana.

O levantamento realizado pelos sindicatos de jornalistas do Paraná evidencia que a incerteza no salário de trabalhadores tem levado a categoria a considerar a troca de profissão como uma alternativa cada vez mais presente. Quase metade dos participantes da sondagem (mais de 48%) trocaria de profissão se encontrasse uma vaga com salário maior, enquanto outros (mais de 44%) considerariam a mudança. Apenas 7% permaneceriam no jornalismo, mesmo em condições precárias.

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O Paraná está em campanha para renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos jornalistas. O reajuste salarial na inflação dos últimos doze meses (estimativa de 5,32%, data-base 1º de maio) e a reposição das perdas acumuladas de 10,41%, amargadas desde 2020, integram a pauta de reivindicações da categoria. No questionário, a defasagem econômica foi o principal termômetro da insatisfação dos jornalistas, com quase 95% dos participantes afirmando estarem desmotivados no trabalho.

Em outros anos, a pauta de reivindicações dos jornalistas também envolveu o pedido em CCT para que empresas oferecessem planos de cargos, carreiras e salários, mas as solicitações foram negadas pelos donos da mídia. Um dos argumentos utilizados foi o de que cada empresa deve avaliar a concessão de benefícios dessa natureza. Na sondagem, no entanto, mais de 80% dos jornalistas revelaram que seus empregadores não oferecem melhorias ou oportunidade de avanços na carreira.

Na última mesa de negociação da CCT, em 30 de abril, o SindijorPR e o Sindijor Norte PR pediram que os sindicatos que representam os empresários, Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Paraná (SERT-PR) e Sindicato das Empresas Proprietárias de Jornais e Revistas do Estado do Paraná (SINDEJOR-PR), considerassem o apelo da categoria para uma proposta digna que possa ser levada à votação em assembleia. “Isso porque passou pela cabeça dos donos da mídia tirar direitos dos jornalistas e banalizar o reajuste salarial, provocando mais perdas. Os sindicatos dos jornalistas pediram mais atenção na parte econômica e ao futuro dos trabalhadores”, afirma Ricardo Andretto Fonseca, Secretário Geral do Sindijor Norte PR.

Uma nova mesa de negociação da CCT, a terceira do Paraná, está prevista para o dia 12 de maio na sede do SERT-PR, em Curitiba. “O trabalho, ético e responsável, exercido pelos jornalistas é a razão de ser das empresas que se valem da oferta de informação à sociedade para obter seus lucros. Monitoramos o mercado e sabemos que elas têm investido em estrutura e tecnologia, mas, por outro lado, vêm pecando quanto ao aspecto humano, especialmente em termos de reconhecimento. Esperamos chegar a um acordo mais justo e coerente, que valorize as e os profissionais que constroem a credibilidade do jornalismo no Paraná”, diz Aline Rios, diretora de Defesa Corporativa do SindijorPR.

Acesse a pesquisa completa dos sindicatos no documento PDF clicando aqui.

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