Começaram a sair as decisões judiciais que dão ganho de causa aos jornalistas que rescindiram indiretamente com o jornal O Diário, em Maringá. Eu e, pelo menos, mais dois amigos já temos a decisão do mérito em primeira instância, com quase mais uma dezena em vias de.
Quem nos acompanhou na greve sabe que eram quase quatro meses de salários em atraso, quase dois anos sem depósitos de FGTS (um ano, no meu caso, mais nova de redação), além da falta de negociação para qualquer proposta de acerto.
Somos 15 jornalistas que deixaram o jornal e ingressaram na Justiça. É triste ver o que se tornou a publicação, tão tradicional no terceiro maior município do Paraná. É manchete sobre vacina de dengue que, na verdade, fala de vacina de gripe. Erros de ortografia, gramática, coesão e coerência são quase diários, em homenagem ao nome do jornal: “concertar” o relógio, o idoso com “Alzaimer“, o carro que capotou após se “cochar” com outro, “sansão” da lei. Erros são uma iminência no jornalismo (pode até ter um neste texto e passar batido), ninguém está imune, mas quando tão comuns são sinal de que o jornalismo agoniza junto com o jornal.
Na última segunda-feira (25), a Justiça limitou a retirada dos sócios (do famoso pró-labore) a R$ 5 mil mensais. A empresa vinha prevendo R$ 45 mil em seus relatórios contábeis. Apesar das retiradas não se efetivarem no total, eram resultados somados para um futuro desconto.
Também na última segunda-feira, a família do dono da publicação recebeu a notícia do incremento de sua renda. A esposa Patricia Rodrigues Vieira da Silva, colunista social de O Diário, foi nomeada pela governadora Maria Aparecida Borghetti, de Maringá, como assessora técnica, símbolo DAS-3, da Secretaria de Estado da Justiça, Trabalho e Direitos Humanos. Para quem não sabe, segundo o próprio Portal da Transparência, os cargos DAS são os polpudos, destinados à direção e assessoramento superior. No caso do nível 3, garante salários entre R$ 7,3 mil e R$ 8,9 mil. Com um salário assim, em uma pasta tão importante, é bom cobrarmos um ótimo trabalho.
Por Pauline Frank de Almeida, jornalista e ex-funcionária de O Diário. O desabafo foi publicado originalmente em seu perfil do Facebook.