Texto por Willian Casagrande Fusaro
Os estudantes de Jornalismo da UEL estão em luta contra o assédio sexual. Depois de descobrirem que teriam aulas com alguém, repetidas vezes suspeito de assédio sexual contra estudantes, os calouros do segundo ano buscaram providências contra a convocação. Alguns casos de assédio, inclusive, teriam sido presenciados por outros alunos e ex-estudantes da instituição. O colegiado do curso foi convocado e, apesar das estruturas burocráticas que impedem (e foram feitas para isso, pois são fruto de uma sociedade burguesa e patriarcal) o curso óbvio dos casos de denúncias na universidade, decidiu por repudiar a convocação do assediador machista.
Essa lição de organização dos estudantes nos traz alguns ensinamentos. Mesmo em tempos difíceis para as organizações populares, movimentos sociais, sindicatos e demais ferramentas de luta, ainda é possível responder às injustiças e combatê-las. Além da coragem dos estudantes, que não foram os primeiros a se levantarem contra o jornalista assediador – já velho conhecidos dos jornalistas de Londrina e dos corredores do departamento -, também é importante destacar o apoio de estudantes de outros cursos e de outras organizações. O Centro Acadêmico (CA) de História manifestou-se, em nota, contra a nomeação; o Levante Popular da Juventude, idem.
Uma lufada necessária de ar fresco e limpo que só a organização popular traz. A luta é orgânica e as redes de solidariedades dos trabalhadores e oprimidos, imensas. Enquanto a universidade faz andar, ainda que timidamente, mecanismos para lidar com esses casos de abuso de poder, a organização estudantil toma à frente e escreve a história com sua própria pena – ainda que a duras penas, organizando-se por mensagens, chamadas de vídeo e ligações, como a pandemia nos obriga há mais de um ano. À revelia da frieza da burocracia, há sangue quente demais pulsando nas veias dos jovens para que casos como esse continuem passando impunemente. Já passaram, mas, definitivamente, não passarão.
Todo apoio aos estudantes de Jornalismo contra o abusador!
Você não é bem-vindo. Fora!
*Ao contrário do que deveria, este texto não dá nomes aos bois por precaução. O referido “alguém” é conhecido por ameaçar processar quem diz a verdade sobre sua conduta. Espero que essa vantagem esteja com os dias contados.
Imagem/destaque produzida por estudantes como forma de protesto.