É com revolta e preocupação que o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná (Sindijor Norte PR) acompanha a situação de repórteres que atuam na cobertura dos protestos na região e que estão sendo alvo de ameaças e agressões verbais.

Na quinta-feira (24), uma equipe da RPC Londrina, afiliada da Rede Globo, foi hostilizada quando se preparava para uma entrada ao vivo no telejornal do meio-dia. Foi na rodovia PR-445. Manifestantes alertaram que se o repórter dissesse algo prejudicial ao movimento, eles “o jogariam de cima do viaduto”. Durante todo o tempo em que esteve no local, a equipe teve o trabalho vigiado e gravado com celulares.

Em Maringá, outra equipe da RPC sofreu ameaças na PR-317, onde também faria uma entrada ao vivo. Os jornalistas foram cercados por um grupo que exigiu que eles se retirassem de lá.

Alguns profissionais de outras emissoras também reclamam do tom hostil de integrantes do movimento, embora as reações mais violentas tenham envolvido as equipes da afiliada da Globo. Nos dois casos relatados acima, os manifestantes teriam alegado que a cobertura da emissora era tendenciosa e contrária à mobilização.

Tal insatisfação não justifica de maneira nenhuma a tentativa de intimidar jornalistas, ainda mais com o uso de violência. Atacar os profissionais que estão na linha de frente para demonstrar descontentamento com uma empresa de comunicação é atitude tão covarde quanto injusta. São trabalhadores, assim como os caminhoneiros. Estão nas ruas todos os dias, expostos a uma série de dificuldades e perigos para cumprir sua tarefa.

Tais episódios também afrontam a liberdade de imprensa e abalam a já fragilizada democracia no país. Protestar é uma forma de ser ouvido; cercear o trabalho da imprensa só faz calar ainda mais a voz dos cidadãos.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Norte do Paraná, que constantemente cobra das empresas respeito e valorização para os jornalistas, faz o mesmo apelo agora aos envolvidos nos protestos. Também se coloca à disposição dos jornalistas para receber denúncias e buscar formas de garantir a segurança dos profissionais. O “Brasil melhor” que os manifestantes exigem não será conquistado com violência contra trabalhadores.

Foto/destaque: Jaqueline Teixeira

Manifestação de caminhoneiros na região de Londrina. Foto: Vitor Ogawa
Passeata de agricultores a favor dos caminhoneiros no centro de Maringá. Foto: Jaqueline Teixeira
Manifestação de caminhoneiros no centro de Maringá. Foto: Jaqueline Teixeira
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