A Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas) divulgou relatório que aponta o aumento da violência contra jornalistas em relação a 2017. Enquanto no ano passado foram registradas 99 ocorrências contra profissionais da categoria, em 2018 foram 135 casos, um aumento de 36,35%. Segundo a presidente da Fenaj, Maria José Braga, isso é extremamente grave. “O objetivo deste relatório é fazer com que a violência diminua. Nessas 135 ocorrências 227 jornalistas foram vitimas”, destacou. Segundo ela, a metodologia adotada foi de relatar os casos, contudo em muitos deles mais de um jornalista é vitima de agressão.
“No atentado à caravana do Lula havia 27 jornalistas. Assim como muitos outros casos ocorreram dessa maneira”, apontou a presidente. Ela enalteceu que neste ano, isso voltou a ocorrer em São Paulo, na manifestação do Movimento Passe Livre. “Pelo menos cinco jornalistas foram atingidos pela força policial. Desses casos registrados a maioria foi por agressão física”, declarou.
As agressões, continuou a presidente, acontece de diversas formas. “Pode ser um empurrão, uma pancada ou um espancamento. Quando parte da PM trata-se de algo deliberado. A pessoa parte para a agressão do profissional. As agressões também ocorrem por ameaça e intimidações. Houve crescimento exponencial, por meio de redes sociais. Ou seja, além do estresse do trabalho no cotidiano, o jornalista tem que conviver com essa pressão a mais pelas redes sociais em que o agressor se protege por meio de um suposto anonimato. Digo suposto, porque todos podem ser identificados. Por isso é importante a formalização da queixa para que haja punição”, orientou. Para ela, muitos casos mais graves ocorreram de impedimento do exercício profissional. “Os jornalistas tiveram que deixar determinado local em razão das ameaças explícitas. Isso para nós é gravíssimo, uma violência extremada. Precisamos buscar apoio da sociedade para que não ocorram casos de censura por vias judiciais”, destacou.
Ela apresentou como exemplo o caso do Ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Dias Tófoli, cuja decisão impediu jornalistas de entrevistarem o presidente Lula e de veicular entrevistas que foram feitas anteriormente. “A Fenaj se manifestou e outras entidades também”, apontou.
Outros casos de censura importantes foram prisões, como a de uma blogueira de Alagoas em razão de ação proposta por procurador de justiça. “Quando os proponentes da ação são do judiciário ou do Ministério Público, quase sempre jornalistas são condenados. Existe espírito de corpo”, criticou.
Em 2017 nenhum jornalista foi assassinado, mas no ano passado o jornalista foi morto e outros quatro radialistas foram assassinados. “A FENAJ coloca outros comunicadores para registro. Não está na estatística geral, mas a entidade comunica para que as pessoas tomem conhecimento. Houve casos de atentados, que são graves”, destacou.
Também é realizado o levantamento computando por região do Brasil. “O jornalista agredido não está no rincão. A região sudeste continua sendo mais violenta e São Paulo continua sendo a mais violenta. Desde 2013 têm essas agressões têm acontecido em manifestaçõees públicas e São Paulo vem capitaneando em função desse fenomeno das manifestações”, declarou Braga.
O Sul, que em 2017 ficava na terceira posição,, em 2018 se tornou a segunda região em casos de agresões, com muitos casos registrados no Paraná. Em terceiro lugar está o Nordeste e o maior número de casos aconteceu no Ceará.
No levantamento por gênero está havendo uma mudança de perfil. Desde 2008 as mulheres são maioria nas redações, mas nas agressões os homens continuam sendo as maiores vítimas.Foram 44 homens e 24 mulheres. As agressões que ocorreram contra um grupo de jornalistas foram classificadas como gênero indeterminado. “Não tem pesquisa cientifica para explicar por qual motivo os homens são os mais agredidos, mas empiricamente os profissionais de imagem são majoritariamente do sexo masculino e sempre estão com equipamentos na mão. São alvos fáceis para a agressão”declarou a presidente.
No levantamento por tipo de mídia, se em 2017 os profissionais de jornais impressos eram os mais agredidos, em 2018 quem passou a liderar as estatísticas são os profissionais de TV, seguido por jornais e por profissionais de mídias digitais. “Temos casos preocupantes porque mostram o grau de exacerbação, como os casos de assessores de imprensa agredidos. A resolução do conflito tem se tornado mais difícil. A prática violenta tem atingido níveis alarmantes. Foram três casos de assessores de imprensa agredidos, em um deles foi a assessora de um parlamentar”, declarou.