O número de contratos de trabalho extintos por morte do trabalhador no setor de Informação e Comunicação – no qual os jornalistas estão inseridos – cresceu 129% nos primeiros quatro meses de 2021, na comparação com o mesmo período de 2020. O número absoluto saltou de 293 para 672, no intervalo de análise.
As informações são do Boletim Emprego em Pauta, elaborado pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese). De janeiro a abril de 2021, a quantidade de desligamentos de trabalhadores por morte no Brasil aumentou 89%, saindo de 18.580 para 35.125.
Segundo o Dieese, com 672 contratos encerrados por morte, os trabalhadores em comunicação e informação foram o terceiro setor com maior número de desligamento do emprego por causa de óbito, no primeiro quadrimestre desse ano, em comparação com 2020, abaixo apenas de profissionais da Educação (1.479) e trabalhadores da Administração Pública, Defesa e Seguridade Social (794).
Para a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), o elevado número de contratos encerrados por morte de trabalhadores tem ligação com o cenário de pandemia vivenciado no mundo, desde março de 2020, e agravado no Brasil, em 2021. Desde o início da crise sanitária, a categoria foi incluída em decretos que estabelecem os serviços de Comunicação como essenciais. Ou seja, jornalistas estão indo às ruas cobrir a pandemia e, portanto, sujeitos à contaminação e morte.
Acompanhamento feito pelo Departamento de Saúde e Previdência da FENAJ mostra que, até 2 de junho, 155 jornalistas foram vitimados pela Covid-19 no país, representando um aumento de 277% na média mensal de mortes no comparativo com o ano de 2020, quando foram registradas 80 mortes pela doença.
Diante do cenário, a FENAJ e seus 31 Sindicatos de Jornalistas filiados estão reivindicando às autoridades de Saúde nacionais, estaduais e municipais a inclusão da categoria entre os grupos prioritários de vacinação contra a Covid-19. Até o momento, apenas os governos do Maranhão, Bahia, Mato Grosso, Piauí, Roraima, Goiás, Pará, Tocantins e Mato Grosso do Sul foram sensíveis aos apelos das entidades sindicais para imunizar os trabalhadores da mídia.
O que pensa o Sindijor Norte PR?
A vacinação dos jornalistas já deveria estar sendo realizada junto com todos os demais grupos prioritários. É uma obrigação que deveria partir do Governo Federal. Na ineficácia do (des)governo, sob comando de Jair Bolsonaro, seria uma obrigação de Estados e municípios incluírem a categoria, classificada como essencial por todas as esferas, em seus planos locais, mas isso não acontece no Paraná. “Quantos mais vão precisar morrer vítimas de uma doença para a qual já temos vacina? O maior gestor do País desdenha da doença a da vacina desde o início e agiu e age deliberadamente no sentido de atrasar a imunização, posicionamento que parece não ser ancorado apenas no descaso, mas também na ambição, como têm sugerido denúncias recentes. É angustiante e revoltante”, desabafa Cecília França, secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindijor Norte PR.
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Texto: Fenaj, com modificações do Sindijor Norte PR
Foto/destaque: Liquid (Artiste) Arya via Unsplash