A Fenajore (Federação Nacional de Jornais e Revistas) terá um novo presidente no biênio 2022/2023. Quem passará a comandar o órgão patronal é José Nicolás Mejía, proprietário da Folha de Londrina, empresa que vem sufocando seus funcionários com atrasos e reduções salariais há dois anos.

Os associados da Fenajore talvez não saibam – ou, talvez, não se importem – que seu representante máximo comanda uma empresa com indicações de péssima gestão. O grupo de comunicação de Nicolás Mejía vem, desde 2019, pagando seus trabalhadores, tanto os jornalistas quanto os de outros setores, de forma parcelada e atrasando o 13º salário.

Os funcionários do novo presidente da Fenajore, Nicolás Mejía, não receberam a bonificação de fim de ano em 2021. A direção da Folha de Londrina sequer consegue dar previsão de quando será pago – a única certeza é que não virá na data certa. E o anúncio é sempre verbal, partindo dos gestores – o patrão sequer se digna a dar explicações àqueles que tornam-se, forçadamente, seus “credores”.

Ainda em 2019, demitiu 25% de seus trabalhadores como forma de enxugar a empresa. Porém, não pagou as verbas rescisórias no momento da demissão e ainda processou os jornalistas que mandou embora, numa tentativa de evitar ações trabalhistas contra ele. Obviamente, a empresa perdeu este disparate judicial e todas as ações trabalhistas movidas por seus ex-jornalistas.

O 13º salário referente ao ano de 2019 só foi pago em duas parcelas, em maio e em agosto de 2020, quando o patrão já se refestelava com a redução de salários e carga horária de seus trabalhadores. O 13º de 2020 foi pago conforme dita a lei, porque, em caso de algum atraso ou parcelamento na vigência da Lei 14.020/2020, o patrão enfrentaria problemas com o Ministério da Economia.

Terminada a validade da Lei 14.020/2020, em dezembro do ano passado, voltaram a ocorrer os atrasos e parcelamentos de salários, até a permissão de nova redução de jornada e remuneração, por quatro meses, em 2021. Neste período, os pagamentos, reduzidos em 25%, voltaram a feitos integralmente na data correta.

Ao fim desta redução, retornaram os atrasos parciais. Prática, aliás, que rendeu uma multa por danos morais em processo movido por um ex-trabalhador demitido em período de estabilidade.

Mas, enquanto leva sua empresa aos trancos e barrancos, Nicolás Mejía posa de grande empreendedor e empresário de sucesso na rede social LinkedIn.

Na postagem em que informa sua eleição como o próximo presidente da Fenajore, na qual recebe vários elogios e felicitações pela eleição, Nicolás Mejía agradece “a confiança dos associados” e diz que vai atuar “para o fortalecimento das empresas jornais e revistas e seus colaboradores, a partir de ações que visem a melhoria do ambiente de negócios do setor e do país”.

Talvez a inovação a ser proposta pela nova direção seja: não paguem seus funcionários, assim, sobra mais para o patrão.

Imagem/destaque: Reprodução LinkedIn

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