Mais baratos e práticos – cabem 1.500 livros no Kindle, o e-reader da Amazon -, os livros digitais têm custado um pouco a decolar no Brasil. A cada R$ 100 obtidos no comércio de livros no país, apenas R$ 1 vem da venda de e-books.
De acordo com o Censo do Livro Digital, realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), a venda dos livros digitais em 2016 totalizou R$ 42,5 milhões. Muito pouco (1,1% do total) se comparado aos R$ 3,8 bilhões do livro físico, segundo dados do estudo encomendado pela Câmara Brasileira do Livro (CBL).
Os dados podem soar desanimadores, porém, na opinião do jornalista Luiz Fernando Cardoso, a realidade é mais promissora do que parece. “A popularização dos e-books passa pelo barateamento dos dispositivos eletrônicos, como o Kindle, o que já está ocorrendo no Brasil”, explica o jornalista. “A próxima edição do Censo do Livro Digital mostrará avanços, seguramente”.
Cardoso é um dos pioneiros no interior do Paraná na publicação independente dos livros digitais. Foram dois e-books publicados em 2018. Este ano, o ex-repórter do jornal O Diário fechou a trilogia de crônicas com a publicação de “Nas Curvas de Maringá”, também com venda exclusiva no site da Amazon. Nenhum dos três com versão impressa.
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Para o jornalista, o otimismo em relação aos e-books é justificado pelas tendências de consumo dos países mais desenvolvidos. “No Reino Unido os e-books representam 25% do mercado editorial. Isso é um bom sinal. O mesmo ocorreu com o computador pessoal, com os celulares e com os videogames, que primeiro se tornaram realidade nos países ricos antes de se popularizarem no Brasil”, comenta.
Matéria publicada pela Folha de S.Paulo à época da divulgação do Censo do Livro Digital endossa o otimismo. Segundo a reportagem “Participação de e-books no mercado do país é ínfima”, entre as grandes editoras nacionais os e-books têm uma parcela maior do que a média no faturamento. Em 2016, os livros digitais já representavam 4,5% das vendas, como é o caso da Sextante.
“Atualmente, com a venda dos três e-books não consigo nem sequer pagar o boleto de luz, mas isso é só o começo. É uma aposta válida. Um dia, os e-books superarão os livros impressos em vendas, assim como ocorreu com os PCs em relação às máquinas de escrever. É questão de tempo”, analisa Cardoso.
Apesar da aposta nos e-books, o autor de “Nas Curvas de Maringá” não abre mão do livro impresso. “As duas opções podem coexistir. Tenho cerca de 50 livros no meu Kindle, mas ainda assim não deixo de comprar os livros tradicionais, em especial dos meus escritores favoritos. Só na Flim já comprei quatro”, diz.
Cardoso se refere à Festa Literária Internacional de Maringá, iniciada na quarta-feira (6). Em sua sexta edição, a Flim prossegue com uma vasta programação até domingo (10), junto ao Estádio Willie Davids – veja a programação completa aqui. No sábado (9), às 16h, Cardoso participará da mesa “Maringá em Crônicas”, no estande Reexistir.
Nas Curvas de Maringá
Reflexões sobre sonhos, relações amorosas, ditados populares, frustrações da vida, crises econômicas, vícios, sexualidade e política. Esses são alguns dos assuntos abordados no livro digital “Nas Curvas de Maringá: Amizades e paqueras na mais bela cidade do Paraná”, do jornalista Luiz Fernando Cardoso.
Publicado na Amazon, recentemente, o e-book encerra uma trilogia de crônicas iniciada, em 2018, pelos livros “Orfeu & Violeta” e “Quero Café!”. “Por enquanto, os livros estão disponíveis apenas em formato e-book, mas é possível lê-los no Kindle, no computador e em smartphones e tablets”, explica Cardoso.
Com a Catedral estampada na capa, “Nas Curvas de Maringá” traz 27 crônicas ambientadas na cidade. Uma delas é premiada: “Arroz com Fungos” foi selecionada no 3º Concurso Literário Conto Brasil – Minicontos, da Editora Trevo. “Seu olhar narrativo está sempre alerta ao que acontece ao redor, provavelmente influenciado pelo seu instinto jornalístico”, analisa o professor e crítico literário Luigi Ricciardi.
Os e-books da trilogia são vendidos exclusivamente na Amazon. “Nas Curvas de Maringá” pode ser adquirido por R$ 7,30. Assinantes do Kindle Unlimited não pagam.
Com 20 anos de experiência, graduado em Jornalismo pela Faculdade de Pato Branco (Fadep) e pós-graduado em Jornalismo Digital pela Universidade de Navarra, Luiz Fernando Cardoso é, atualmente, assessor de imprensa do Sindicato dos Servidores Municipais de Maringá (Sismmar). Na cidade, foi repórter de O Diário, editor e comentarista na TV Maringá (Band) e colaborador da Folha de S.Paulo.
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