Desde 2019, jornalistas e outros profissionais da Folha de Londrina têm convivido com atrasos salariais. Naquele ano, o proprietário do jornal, Nicolás Mejía, demitiu 25% da redação e prometeu pagar acertos, parcelados, só após março de 2020. Mas ele não cumpriu. Na época, as demissões foram apontadas como necessárias para equilibrar as contas da Folha, o que também não aconteceu.

Convivendo com a insegurança, os e as jornalistas tiveram o que imaginavam ser um “respiro” em novembro de 2022, quando, finalmente, após ação proposta pelo Sindijor Norte PR, a Justiça do Trabalho homologou acordo entre a entidade, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a empresa, estipulando multa para atrasos salariais. Ou seja, a Folha não poderia mais atrasar os pagamentos, ou teria que pagá-los em dobro. Mas, nem isso assustou o senhor Mejía, que, menos de quinze dias após a assinatura do acordo, já não pagou o 13º salário de 2022.

Para espanto de todas e todos que lá trabalham e levam a notícia diariamente aos londrinenses, na última segunda-feira, 13 de novembro, data em que o jornal “comemorava” seus 75 anos, Mejía lhes deu de presente a notícia de que não pagará, também, o 13º salário de 2023. Pediu paciência à redação até março do ano que vem, vejam só! O mesmo mês de março que ele havia usado como marco lá em 2019 – e não cumpriu.

Para piorar a situação, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) dos jornalistas não é depositado desde janeiro de 2022, ou seja, há quase dois anos! Enquanto isso, Mejia continua a ocupar espaços de poder e decisórios da cidade de Londrina, no Norte do Paraná, sendo apontado, ou apontando a si próprio, como um grande gestor. Uma imensa ironia. Ou, mais que isso, um imenso desrespeito com os funcionários.

A maior parte dos e das repórteres da Folha não têm trabalhado presencialmente ao longo de todo este ano, em protesto contra os atrasos, atitude que o sindicato apoia integralmente. Porém, os boletos continuam chegando, sem atraso.

A ida de Mejía à redação para uma conversa na fatídica segunda-feira causou espanto, já que – a despeito de suas postagens sobre “planejamento estratégico” e “rotina de comunicação eficaz” nas redes sociais – não é costume do mesmo dialogar com sua equipe. Ou ao menos, não com quem está na produção da notícia, o cerne do seu negócio.

É assustador que nem mesmo a intervenção do MPT faça o dono deste que já foi um dos grandes jornais do Paraná, respeitar os direitos trabalhistas de seus funcionários. Enquanto sindicato, nos solidarizamos, tal como a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), às e aos jornalistas e cobramos respeito imediato da Folha de Londrina ao acordo assinado judicialmente.

Também esperamos reação e apoio da sociedade civil organizada nesta cobrança. Manter como exemplo de empresário alguém que não respeita os direitos básicos de seus trabalhadores e trabalhadoras não condiz com o desenvolvimento sustentável da segunda maior cidade do Estado.

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